quinta-feira, 25 de março de 2010

Viagem à São Paulo



07:30 - Rodovia Castelo Branco

Pela manhã pego o ônibus de Sorocaba para São Paulo.
Logo no início noto que um motorista está ensinando o outro a dirigir o ônibus.
Fico feliz por ver que a empresa está dando uma oportunidade para um senhor.
Quem ensina tem o sotaque de brasileiro nascido no Nordeste.
O ônibus é um Dinossauro da Cometa, está com os bancos modernizados e sem o couro original, mas ainda assim é daqueles com aspecto de ônibus americano antigo.

Confusão na quantidade de pessoas.
O que está ensinando não confere a quantidade de passageiros

Ele, também pede para uma passageira sair do banco direito da frente e ir se sentar em outro lugar, dizendo: A senhora pode se sentar em qualquer lugar (exceto no banco da passagem comprada, pelo visto)

Só depois ele explica que vai ficar sentado ali para poder orientar melhor o novo motorista.

O ônibus para de ponto em ponto e o percurso que era para ser de uma hora, demora quase duas horas.

Buzinaço atrás do onibus, por conta da manobra efetuada pelo motorista.

Enquanto o motorista que está ensinando  fica falando em voz alta:
- Pode sai! Pode Sai!
- Sai fora!
- Fica Atrás!
- Acelera pra Sai!

Fico eu me perguntando...  Se nessa hora não vale o Aviso pregado no ônibus "Não converse com o motorista"
Até para a recontagem de passageiros e para o troco de quem compra a passagem na rodovia o motorista aprendiz é interrompido enquanto dirige.
E assim seguimos, atrapalhados e sempre parando...

segunda-feira, 22 de março de 2010

Papo de negociador



Sentado na sala de espera de um escritório de cobrança amigável e judicial "foleio" revistas do setor e relembro os tempos que eu trabalhava em escritórios de cobrança.

As aventuras, as tensões das negociações...

Enquanto relembro, observo os clientes que comparecem no escritório para finalizar os acordos e, ao chegarem, descobrem que a história não é exatamente a mesma que foi combinada pelo telefone.

De três casos que presencio em 20 minutos, os três tem divergências entre o combinado por telefone e pessoalmente.

A tática de conversa com o cliente é a mesma:
1. Todos que atendem pelo telefone, não podem atender pessoalmente ou não estão na empresa.
2. Os valores do refinanciamento não batem.
3. Os contratos criam responsabilidades enormes para o devedor.

 Criando uma saia justa para os atendentes.

 Frases como, o operador não soube explicar direito ou, o senhor pode ter se confundido, são utilizadas corriqueiramente.

Finalmente, como regra, os contratos não podem sair do escritório, nem mesmo para serem analisados pelos advogados dos clientes.

Noto que as regras e orientações que eram passadas para os funcionários, no meu tempo de cobrança, continuam valendo nos dias de hoje. As orientações continuam no sentido de tentar enrolar o cliente para ele ir no escritório e lá ele ser espremido ao máximo para assinar o contrato. Técnicas como o uso dos termos "facilidades e condições especiais para o refinanciamento" e uso de nomes falsos são aplicadas nos clientes devedores.

Não era assim que eu determinava, para que meus funcionários atuassem, mas, era assim que o mercado todo agia.
Tentamos inovar em nosso escritório.
Não creio que fracassamos, pois, até nossos melhores negociadores eram disputados no mercado de trabalho, entre outros escritórios maiores, ou instituições financeiras.
O volume de acordos eram bom. Só não era melhor, pois, um dos meus sócios, metia muito os "pés pelas mãos" e alguns clientes para ver ele "quebrar a cara", mandava o osso do osso, como carteira para negociarmos.

Dá para contar, boas e divertidas histórias daquele tempo.