quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A orquestra da natureza



Quando morava em Araraquara, mesmo sendo uma cidade bem arborizada, nao encontrei tanta intensidade e diversidade de sons de aves como encontro, aqui, onde moro.

Do preocupante rulhar dos pombos (truuuu, truuuuu, truuuuu) ao mais suave pio,é o que contemplo, aqui, em todo amanhecer. É uma verdadeira orquestra! Existe ritmo, harmonia e, em alguns momentos um Bemtevi solista faz sua apresentação. (Bemtevi, Bemtevi, Bemtevi, tevi)

Assim como nas músicas, os piares começam tímidos, quando o sol ainda não surgiu.
O som vai se avolumando na proporção em que o céu vai mudando de cor.
Céu azul intenso com faixa vermelha e laranja no horizonte, estrelas dando tchau.
Logo o céu vai ficando laranja e a abóbada azul claro.
Até marrecos começam a voar emitindo seus sons.
piu, piu, piu
Rui, Rui, Rui
Grei, greiiiii
Piiiiiii, piiiiiii, piiiiiii, piiiiiii
Pio, pio
Gra, gra, gra, gra, gra, gra, gra

Postes começam a se apagar e os pombos ensaiam os primeiros vôos.
A orquestra das árvores próximas ao meu apartamento competem com as das árvores da praça.
Em sincronia a cada poste que se apaga e arvores que voam, surgem novos sons.
Agora de automóveis, que ainda não são muitos, de pessoas que voltam das baladas.

Sons da igreja
Dlon, Dlon, Dlon, Dlon,
Dlon, Dlon, Dlon, Dlon,
Somam-se a orquestra.

O maestro deu o sinal e um senhor vizinho começa a rufar os tambores, com o som de suas pisadas sobre as latas de alumínio que começa a amassar.
Clanc, clanc, claclanc

Por fim, cachorros começam a latir, entremeando au aus e roufs, roufs.

Faço uma saudação à natureza e agradeço pelas árvores que ajudarão a manter o dia um pouco mais fresco, apesar da estiagem.

Hi hi hi hi he hi hi hi hi he he he he....
Ecoa ao longe.



sábado, 27 de outubro de 2012

Viagem




Já fazia um bom tempo que não viajava, então, logo pela manhã comecei a perceber algumas diferenças.

Constatei que minhas camisas sociais encolheram.
Pega uma, pega outra... Todas apertadas.
Acabo trocando toda a vestimenta, uma vez que, mudando a cor da camisa, devia mudar a cor da calça, a cor do sapato e a cor do cinto.

Ao chegar na rodoviária... Modernista rodoparticularviaria de Sorocaba, sou abordado por um casal que pede dinheiro para, inteirar passagem para São Carlos, para ele, a esposa e o filhinho de colo, recém nascido, que teve alta do hospital.
Nem tem linha de onibus para São Carlos, na rodoviária!

Para entrar no onibus, continua igual...
O senhor surdo-mudo é o homem que abre o porta malas, guarda a bagagem e da o comprovante da bagagem.
Depois, ele compensa a gentileza, vendendo docinhos e santinhos dentro do busão, enquanto o onibus da a volta do quarteirão.

Sento e noto que as poltronas, também encolheram.
Entram todos, e o último a entrar é o surdo-mudo que me entrega 4 opções de produtos.

Seguimos viagem...
Ar condicionado ligado, garganta secando, por sorte, lembrei de comprar uma garrafinha de água, antes de entrar no ônibus.

Chegando na rodoviária de Campinas, subo a escada rolante. Vou ao guiche da Empresa Cruz e compro a passagem.
Terei uma hora de espera.

Vou para os bancos.
Quem olha eles tem a primeira impressão de que estão sujos, pois, parte partes brilham e partes não, parecendo que estão melados ou molhados.

Porta automática da loja Vivo, abrindo...
Bobs, levantando os toldos.
Aos poucos o comércio da rodoviária vai dando suas caras.

As pessoas, como já pode se imaginar em uma rodoviária, são dos mais variados tipos.
Moças, com caras de princesinhas assustadas, homens de chapéuzinhos, segurança gordo e gente apressada.

Noto que os relógios foram substituídos por maiores, agora possuem na face a imagem da antiga estação ferroviária.
Não devem, mais, balançar com o vento!

Dou uma volta procurando algo para comer.
Café do ponto com funcionários conversando, distraídos, balcão desorganizado.
Demora no atendimento, acabo desistindo e vou para outro lugar comer algo.

Vejo um peão com alforje e tudo, atravessando a estação, pela sua expressão de grandes expectativas, provavelmente irá para uma cidade onde contecerá um rodeio.
Nerds característicos e suas mochilas de gadgets.
Avisto um jovem correndo para pegar o ônibus, segurando a calça, na verdade um bermudão jeans, para não cair.

Entro no ônibus, sento, aguardando nossa partida para Araraquara, sem saber que na volta as coisas seriam ainda mais divertidas...

Na volta para Sorocaba, novamente na rodoviária de Campinas, um dos passageiros questionará o funcionário da empresa de ônibus, dizendo que comprou passagem para "ônibus executivo" e o ônibus nem tem ar condicionado.
Entrarei neste "executivo" e meu cinto estará preso debaixo do banco...
Tentarei em vão retrairá-lo dali para usar.
E, finalmente, pelo nível das conversas, e pelo tom das vózes, descobrirei estar na "Gaiola das Loucas".

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Alma à venda



Vendo alma 

Seminova!


Amadurecida, pronta para viver a vida!

conservada em ambiente iluminado,

nunca ficou exposta, em excesso, ao mal.

Sempre foi alimentada por um grande coração.

Nunca foi exposta a grandes variações de temperaturas (nehuma viagem internacional) nem curtida em alcool.

Econômica: Trabalha + de 6meses/sorriso recebido.

Tratar com o atual usuário.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Alegria do reencontro



Rodoviária de Campinas

Estou sentando à espera do meu ônibus, quando avisto uma mulher acompanhada da filha passando pelo corredor.
Ela para, gira o pescoço e olha para uma senhora que também caminhava, em sentido contrário.
Imediatamente ela reconhece a senhora, como sendo uma professora de infância dela e começa a sorrir.
Ambas se abraçam e a alegria das duas é contagiante.
Risos altos, alegres, de felicidade!
Uma manifestão assim tão explicita, de carinho, é rara hoje em dia.
Fico ali, perdido entre o brilho dos sorrisos das duas amigas que, aquece, meu coração.