Na famosa receitinha contida na letra da música "Os Anjos" da Legião Urbana, encontramos a indiferença como um dos ingredientes.
"Pegue duas medidas de estupidez
Junte trinta e quatro partes de mentira
Coloque tudo numa forma
Untada previamente
Com promessas não cumpridas
Adicione a seguir o ódio e a inveja
As dez colheres cheias de burrice
Mexa tudo e misture bem
E não se esqueça: antes de levar ao forno
Temperar com essência de espirito de porco,
Duas xícaras de indiferença
E um tablete e meio de preguiça"
Considero este o ingrediente mais cruel, pois, este não dá a chance do outro revidar, reagir, contra-atacar, como acontece com os demais ingredientes.
Uma relação, seja qual tipo for; entre marido e mulher, pais e filhos, sócios, etc, pode até prosseguir, mesmo com discussões, mesmo com atritos e desentendimentos, decorrentes da estupidez, da mentira, das promessas não cumpridas, pois, gera o jogo do empurra empurra sobre quem é o culpado, quem é o errado.
Um relacionamento pode prosseguir até mesmo, minado pela inveja e a burrice, então, nunca foi motivo para encerrar um relacionamento.
Espirito de porco até torna o convívio dificil e a preguiça que, se por um lado, desgasta uma relação, por outro, adia seu fim.
Como revidar a indiferença? Sendo indiferente com quem já não te dá "a mínima"?
A indiferença, primeiro congela o coração da pessoa que vai aplicar a indiferença contra o outro.
Depois contamina o coração do outro, agindo de dentro para fora na vítima. Paralisa qualquer tentativa de reação ao ataque e apaga aos poucos (o que é mais cruel) a chama que estava acesa no coração da pessoa.
A pessoa alvo da indiferença, começa, primeiro, querendo ser notada, compreendida, depois, passa a tentar achar sua culpa, achar o que ela fez de errado e depois, chega a conclusão que tudo nela está errado, afinal nada do que ela fizer, atrairá a atenção da pessoa que a trata com indiferença.
A pessoa atacada pela indiferença passa a se sentir um "morto-vivo".
E para o morto-vivo, que diferença faz, viver em uma casa ou na rua?
Ir para um lugar onde ninguém mais o veja ou até, por fim a vida que já não existe e da qual só restou a dor.
É o que começa a pensar a pessoa que recebe a dose diária desse veneno mortal, chamado indiferença.
Queria poder dizer aqui que pesquisei a questão e encontrei a vacina contra a indiferença.
Que bastava aplicar uma dose desta vacina nos seres humanos e nunca mais uma pessoa trataria a outra com indiferença, porém, esta vacina não existe.
No fim do processo de maturação e aplicação da indiferença, dois saem derrotados.
O primeiro, por tornar seu coração mais frio, com a falsa impressão de que se tornou mais resistente ao que ele considera agressão, perturbação, incomodo, da outra parte.
O segundo, por passar a desacreditar em si mesmo. Por perder a sintonia com quem ele verdadeiramente é. O que acaba por apagar sua chama interior.
Por sorte temos a cura para a indiferença que congela os corações.
Uma fórmula simples. De um único ingrediente.
Um único ingrediente, que é capaz de aquecer qualquer coração.
O amor!
O amor puro, o amor verdadeiro (não o amor enlatado, amor tetrapack, amor ad hoc), preencherá seu coração para viver sem aplicar ou sofrer qualquer dano provocado pela indiferença.
Vale uma pequena nota:
Amar é amar todos, inclusive a si.
Olhe mais uma vez para a foto que ilustra este texto, tente perceber, no exato instante da foto, quem está sendo ferido pela indiferença?