terça-feira, 28 de julho de 2009

Cortejo fúnebre


Praça do Ginásio de Esportes
28/07/09 8:10h

Sentado na praça observo uma sequencia de automóveis que seguem um carro fúnebre.
Em tempos de valorização do desejo individual em detrimento das necessidades coletivas, nem o motorista do ônibus de uma empresa "Viação São João" respeita o cortejo fúnebre e cruza o cortejo.
Não é só uma profunda falta de respeito para com o sentimento dos familiares do falecido, mas é também uma infração de trânsito, pois, há uma regra exatamente para proteger a prioridade que o cortejo merece.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Eu, Fantasma



Autor: Esseaqui Nossemov

Demorei muito para descobrir que eu não existo!
Já havia ouvido esta afirmação várias vezes, mas, não compreendia seu significado.
Finalmente as coisas ficaram claras para mim.

Então, vou registrar aqui, a minha história, na esperança que alguém, um dia a encontre...

Em algum dia de algum ano, do qual não me recordo, eu morri!
Tenho algumas datas na memória, mas, não sei dizer qual delas é a correta. Pode nem ser uma dessas, a data correta.

Acidente aos 17 anos, 11 meses e 15 dias: Sofri um acidente gravíssimo de mobylette. Uma colisão com um veículo em um cruzamento. Fui levado para o hospital com diversos ferimentos, sei que recebi a unção extrema...

Acidente de moto em 2008: Para evitar bater na traseira de um automóvel, que parou bruscamente na minha frente em um dia de chuva, eu freiei com toda força e fui ao chão. Lembro de ter sido levado, para o pronto socorro, pelo resgate...

Mas, o importante agora não é saber a data em que morri, nem as circunstâncias. Embora minha sensação é de que isso tenha ocorrido a pelo menos 20 anos.
O importante neste momento é relatar que esta descoberta me fez perceber muita coisa que me deixava perplexo.

Antes de passar a relatar alguns exemplo, é preciso que eu informe que, nós fantasmas, somente vemos aquilo que queremos ver, portanto, alguns dos relatos podem não ser reais. Tudo pode ser criação de meu desejo, afinal, morri jovem e fiquei vagando na terra, criando uma vida imaginária com tudo aquilo que eu esperava acontecer.

Confira comigo:

Há vários anos eu me queixo que as pessoas não ouvem meus conselhos de modo direto. E por outro lado, elas seguem meus conselhos, com a certeza que foram elas mesmas que tiveram a ideia ou que a voz da consciência dela é que a orientou!
Eu ficava irritado com isso, sem entender porque as pessoas nunca me agradeciam pelas sugestões. Hoje eu sei que seria impossível agradecerem isso a um fantasma.

Minha 2a. esposa, vive chorando quando estou perto dela e eu ficava revoltado por ela não me escutar, não me dar ouvidos.
Hoje entendo que se eu já fui casado, ela chora por saudades ou então, eu não tive sequer 2a. esposa.

Me via visitando clientes e fazendo maravilhosas apresentações dos produtos, porém, eles nunca assinavam os contratos comigo e, somente depois, assinavam os contratos com outros vendedores.
Hoje entendo que eu sentava na cadeira, quando o "cliente" estava sozinho e ficava falando e falando, sem ele me ver e por isso só compravam com outros vendedores.

Quando eu entrava em uma loja de conveniência conhecidíssima em Sorocaba, o segurança ficava olhando para mim e me seguindo o tempo todo. Não importava como eu "imaginasse que" estava vestido, ele sempre me olhava e me seguia.
Hoje sei que ele tem sensitividade mediúnica e por isso era o único que sentia a minha presença lá na conveniência e não estava me seguindo por pensar que eu éra um meliante.

Outra coisa que me intrigava, quando eu acreditava que estava vivo, era o curioso fato de fazer tudo como mandam os livros de dicas de sucesso e nunca atingir o sucesso.
Por mais que eu trabalhasse, que me desdobrasse na realização de inúmeras tarefas eu nunca conseguia mudar minha vida.
Óbvio, não? Afinal, todas as minhas ações não eram reais!

Posso relatar vários outros momentos semelhantes, tais como:

Eu via uma pilha de louça suja na pia, do que eu imaginava ser minha casa, e embora tivesse desejo de lavar a louça, a pilha continuava enorme.
Hoje eu compreendo que fantasmas não lavam louça. No máximo eles atiram as louças voando contra as paredes!

Mas, se eu não estou vivo, porque continuo escrevendo neste blog? É o que alguém que ler isto, um dia pode perguntar!
Escrevo porque nos tempos atuais, em que os mortos são ouvidos através de gravações de sons, captadas e tratadas em computador, porque não seria possível alguém captar essa blog etéreo?

E por favor, quem encontrar esse blog mediúnico, não me faça perguntas sobre como é o céu, o purgatório ou o inferno. Eu não sei as respostas, pois, não cheguei a nenhum desses lugares.
Estou preso entre os dois mundos, e tudo o que vejo é o que eu gostaria de ter visto em vida!

O que eu preciso?
É saber como sair deste local aonde estou. Preciso saber como chegar ao céu ou ao inferno.

Enquanto isso, vou contando aqui as aventuras desse fantasma

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Conhecimento obsoleto



Tudo o que sei está fora de moda...
Não ha valor no meu conhecimento
Quem quer saber como se faz para acender uma fogueira sem fósforos ou isqueiro?
Quem quer saber como se neutraliza um ácido?
Como se estanca um sangramento?
Como se faz uma argamassa, carrega-se uma pessoa ferida ou mesmo como se faz um copo para água com uma folha de papel?
A quem interessa saber, porque o céu fica alaranjado no horizonte no nascer e no por do sol?


De que valem esses conhecimentos hoje, se as perguntas do momento, são:
Como fazer para ficar rico?
Como ser famoso?
Como ter o maior número de "pseudo" amigos no orkut ou maior número de seguidores no Twitter?
Como subir nas classes sociais rapidamente?


Qual o valor do conhecimento obsoleto?

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Sem praça



Chego uma hora mais cedo no cliente e não encontro uma praça por perto.
Preciso me abrigar do sol, mas onde? Não avisto um único banco em um raio de 300m.
Nos pontos de ônibus os assentos já estão todos ocupados.
Depois de um tempo, sobra uma vaga em um ponto de ônibus. Hêêêê!
Vou rapidamente para lá e sento.
Abro meu caderno e começo a fazer minhas anotações.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Amanhecer


Quinta feira, 16/07/09 07:07h - R. Angelo Elias

Finalmente chego em frente à empresa para a qual estou trabalhando, depois de uma carona de carro, até 2/3 do caminho e uma longa subida, no trecho seguinte.
Coloco minha bolsa e blusa na mureta e fico com a peito na altura do gramado do jardim.
Estou uma hora adiantado para reunião, porém, como dependia de carona para não ter que sair ás 6:00h de casa e para não suar, cheguei mais cedo.
Claro que vejo vantagens nisso, afinal, vou parar de bufar antes que chegue alguém e posso curtir a natureza.
A rua em que estou fica na direção do sol e assim, posso apreciá-lo subindo no horizonte, trazendo luz e calor para essa manhã fria.
Também, pela posição em que estou posso ouvir toda a movimentação frenética dos automóveis levando as pessoas para os locais de trabalho, passando pela marginal. Com a frequência e o volume constantes o som assemelha-se ao de uma cachoeira.
E assim está nascendo minha manhã.
O sol brilhando no horizonte, as gotas de orvalho na vegetação brilhando como cristais lapidados, pássaros cantando e ao fundo o som de uma cachoeira.
Bem-te-vi, bem-t-vi, é a saudação que recebo!
Olho para o céu e avisto a lua, minguando, e lembro que estamos comemorando os 40 anos de uma viagem que nunca fizemos.
Como minhas companheiras, hoje, elejo as flores vermelhas de serralha, que para mim são como pequenos pincéis de barbear.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A vida passa diante dos meus olhos

06/07/09 16:30 Praça em frente à matriz

Após algumas visitas sento em um banco da praça, ao lado de uma senhora.
Minha inibição me impede de dizer-lhe "boa tarde".
Observo as pessoas, os pássaros e a natureza.
Jovens com suas roupas rebeldes.
Senhores com derrame que usam bengala, velhinhos assanhados batendo papo com mulheres de programa.
Funcionárias de lojas saindo do expediente em suas calças pretas justas.
Obras na calçada.
Muitos com sacolinhas de compras nas mãos e, não pode faltar... pessoas carregando envelopes de papel pardo com currículos dentro, afinal, estamos em uma segunda feira.
Pombos devorando nossos restos,
Pedintes implorando por nossas migalhas,
Pessoas de todas as nações de todas as regiões do Brasil.
Crianças despreocupadas, embora vivamos preocupando-as.
Ainda não avistei nenhum pregador, nem louco. Eles estão fazendo falta!
Policiais em seu posto móvel, também se fazem presentes.
E a senhora cochila... pesca lentamente ao meu lado.
Ciganas com suas saias coloridas e suas falas altas, passam ao largo.
Já não há mais fila na lotérica, que recebe contas bancárias.
O sol, escondido atrás de um prédio já não traz mais seu calor e a temperatura lentamente começa a cair.
Algumas pessoas aproveitam para fumar, enquanto não proíbem o cigarro em lugares públicos abertos.
Jovens envelhecidos rápido demais.
Velhos com desejo de serem considerados jovens.
Conversas secretas ao celular.
Passa por mim um rapaz na cadeira de rodas, acompanhado do que parece ser a sua jovem esposa e o filho. Ele tem também uma tala com curativo na mão o que me faz pensar que sofreu algum acidente, recente.
Já os vi pela manhã, bem longe desta praça.
Mães grávidas. Casal que parecem ter se teletransportado de Recife neste instante de tão agasalhados que estão.
Mulheres atraentes, embora sejam poucas as que sabem se vestir bem.
Já tirei fotos de paisagens interessantes.
Confiro as páginas que escrevi e constato que estou na terceira, eu ainda tenho muito tempo, até chegar o momento de ir jantar no Rotary.
Vou tentar achar algo para fazer até as 17:30h...
A noite chegou!
Já passaram crianças vendendo balas e deficiente em cadeira elétrica.
Quase seis horas...
As pessoas passam rápido pela praça e pouca gente ainda fica sentada.
O tempo não passa e minha vida vai caminhando quadrada.