quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Cápsulas do tempo


Vejo as vitrines de algumas lojas, como capsulas dos tempos.
Nelas estão, expostas, uma partícula de um instante do mundo, uma moda que passou, um acessório que já foi novidade, um eletrônico que foi desejado.
Pen drives, de alguns megabytes.
Um relógio que saiu de moda.
Uma bike com menos marchas.
Coisas do passado, ali, esperando alguém que ainda tenha interesse.

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Anonimato



Sentado na cafeteria, quase na porta do shopping.
20 anos depois de partir.
Muita coisa mudou e nada mudou.
Talvez, só eu tenha mudado, em partes.
Antes quando aqui vivi, estaria esta hora fugindo de rostos conhecidos e me escondendo dos rostos desconhecidos. 
A timidez em elevado grau, me apavorava.
Hoje, estou tomando café com o radar ligado, tentando detectar um rosto amigo.
Tarefa dificil, pois, tenho que cobrir cada rosto em minha memória, com as marcas do tempo que elas devem carregar hoje.
Muitos dos meus amigos, estão com a cara de seus pais ou de suas mães.
Eu, por outro lado, apesar de não mais me esconder, continuo com a mesma cara invisível, que sempre tive.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Indiferença


Na famosa receitinha contida na letra da música "Os Anjos" da Legião Urbana, encontramos a indiferença como um dos ingredientes.


"Pegue duas medidas de estupidez
Junte trinta e quatro partes de mentira
Coloque tudo numa forma
Untada previamente
Com promessas não cumpridas
Adicione a seguir o ódio e a inveja
As dez colheres cheias de burrice
Mexa tudo e misture bem
E não se esqueça: antes de levar ao forno
Temperar com essência de espirito de porco,
Duas xícaras de indiferença
E um tablete e meio de preguiça"

Considero este o ingrediente mais cruel, pois, este não dá a chance do outro revidar, reagir, contra-atacar, como acontece com os demais ingredientes.
Uma relação, seja qual tipo for; entre marido e mulher, pais e filhos, sócios, etc, pode até prosseguir, mesmo com discussões, mesmo com atritos e desentendimentos, decorrentes da estupidez, da mentira, das promessas não cumpridas, pois, gera o jogo do empurra empurra sobre quem é o culpado, quem é o errado.
Um relacionamento pode prosseguir até mesmo, minado pela inveja e a burrice, então, nunca foi motivo para encerrar um relacionamento.
Espirito de porco até torna o convívio dificil e a preguiça que, se por um lado, desgasta uma relação, por outro, adia seu fim.
Como revidar a indiferença? Sendo indiferente com quem já não te dá "a mínima"?
A indiferença, primeiro congela o coração da pessoa que vai aplicar a indiferença contra o outro.
Depois contamina o coração do outro, agindo de dentro para fora na vítima. Paralisa qualquer tentativa de reação ao ataque e apaga aos poucos (o que é mais cruel) a chama que estava acesa no coração da pessoa.
A pessoa alvo da indiferença, começa, primeiro, querendo ser notada, compreendida, depois, passa a tentar achar sua culpa, achar o que ela fez de errado e depois, chega a conclusão que tudo nela está errado, afinal nada do que ela fizer, atrairá a atenção da pessoa que a trata com indiferença.
A pessoa atacada pela indiferença passa a se sentir um "morto-vivo".
E para o morto-vivo, que diferença faz, viver em uma casa ou na rua?
Ir para um lugar onde ninguém mais o veja ou até, por fim a vida que já não existe e da qual só restou a dor.
É o que começa a pensar a pessoa que recebe a dose diária desse veneno mortal, chamado indiferença.
Queria poder dizer aqui que pesquisei a questão e encontrei a vacina contra a indiferença.
Que bastava aplicar uma dose desta vacina nos seres humanos e nunca mais uma pessoa trataria a outra com indiferença, porém, esta vacina não existe.
No fim do processo de maturação e aplicação da indiferença, dois saem derrotados.
O primeiro, por tornar seu coração mais frio, com a falsa impressão de que se tornou mais resistente ao que ele considera agressão, perturbação, incomodo, da outra parte.
O segundo, por passar a desacreditar em si mesmo. Por perder a sintonia com quem ele verdadeiramente é. O que acaba por apagar sua chama interior.

Por sorte temos a cura para a indiferença que congela os corações.
Uma fórmula simples. De um único ingrediente.
Um único ingrediente, que é capaz de aquecer qualquer coração.
O amor!
O amor puro, o amor verdadeiro (não o amor enlatado, amor tetrapack, amor ad hoc), preencherá seu coração para viver sem aplicar ou sofrer qualquer dano provocado pela indiferença.

Vale uma pequena nota:
Amar é amar todos, inclusive a si.

Olhe mais uma vez para a foto que ilustra este texto, tente perceber, no exato instante da foto, quem está sendo ferido pela indiferença?

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Trilhos na noite


Araraquara, para quem não conhece, é cortada ao meio por linhas da antiga estrada de ferro.
Minha família, morava de um dos lados. O lado chamado de Vila Xavier.
Do outro lado, ficava o centro da cidade.
Assim, quando precisávamos comprar algo no centro, tínhamos que atravessar os trilhos e não era apenas uma única linha. Haviam várias ramificações. Várias de manobras, linhas secundárias, as de abastecimento no CEAGESP e a linha que conduzia as composições e máquinas para a gigantesca oficina de reparos e manutenção.
Existiam três "pontilhões" ou viadutos, como preferir chamar. Um da 22 de agosto, um da Barroso e um na fonte, que passavam por cima das linhas da estrada de ferro e um túnel ao lado da antiga estação ferroviária, que passava por baixo das linhas férreas.
Entretanto, quando morávamos na rua Ceará, lá quase perto do fim, ficava mais fácil cortar caminho pelos trilhos para chegar mais rápido ao Estádio da Ferroviária, nos dias de jogo, as piscinas da ferroviária nos dias de treino na escola de natação ou mesmo para curtir um dia quente.
Atravessar os trilhos, ali perto dos galpões da CEAGESP, era também o caminho mais curto para assistir shows no Gigantão. Gigantão é nosso estadio poliesportivo.
Passar por ali, de noite, no escuro, com o caminho iluminado somente pela lua e, as vezes, nem por ela, era uma aventura a parte.
Incontáveis vezes por ali passei, driblando pedras, tocos, molhando calçado em poças de água ou derrapando em lamaçais.
Lembro que em uma das noites, fizemos o "Warm Up" enquanto caminhávamos pelos trilhos, compartilhando entre os amigos, uma garrafa de licor de menta.
Em outra noite, já depois de termos nos mudado da rua ceará para a 22 de agosto, fui atravessar os trilhos, acompanhado de uma recém paquera e pelo meu "pretenso futuro cunhado"que  já estava considerando nosso encontro um noivado oficial.
Esta noite foi super divertida, porque, não sei de onde ele tirou da cabeça, eu deveria ser filhinho de papai e não devia ter experiência em atravessar trilhos.
Ele foi dando dicas de como caminhar nos trilhos. Querendo ensinar e proteger o seu "futuro valioso cunhado". Ia orientando onde pisar, pelo caminho todo, até que chegamos ao local onde um portão alto de grade, separava duas áreas dos trilhos.
Ali teríamos que pular escalar e transpor o portão.
Ele passou. Passou a minha paquera e ele ficou olhando para mim.
Deu suas orientações de como escalar e ficou todo temeroso se o filhinho de papai ia conseguir vencer tão enorme e difícil obstáculo.
Quando ele piscou, me viu do lado de lá do portão.
Acho que até hoje ele nem imagina o que aconteceu.
Ele não tinha perguntado se eu já havia pulando algum portão, alguma vez na vida. Sequer lembrou de perguntar se eu conhecia os trilhos ou já tinha passado por lá antes.
Tinha partido ele, do pressuposto que era "burguesinho" e nada sabia.
Então, para ele foi um espanto quando descobriu que eu tinha intimidade com os trilhos da estrada de ferro em noites escuras.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Partiu



Era um cara tão lento de pensamento ou talvez tão grande de coração que perambulou quase duas décadas pelas ruas de Soracaba, até perceber que devia deixar a cidade para trás e seguir seu caminho.
Talvez não tenha percebido que onde entrava era rejeitado, talvez tenha percebido e insistia por bondade.
Não havia, ninguém na plataforma de embarque para se despedir dele.
Sem beijos trocados, sem lágrimas roladas, sem lenços acenados.
Foi sem mágoa das portas que nunca foram abertas. Sem rancor das mãos nunca oferecidas.
Lembro, contudo, que ele foi, com um esboço de sorriso no canto da boca, como quem ri por dentro, por guardar um segredo.
Talvez, como que sabendo que quem perdeu com sua partida não foi ele.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

A ex nota de um real


Você descobre que está, realmente, no fundo do poço, quando, abre a gaveta aonde guarda as coisas que separou para usar em caso de emergência e, além do canivete, dos palitos de fósforo, do passe de metrô, você encontra somente aquela nota de R$ 1,00, novinha, que você guardou sem dobrar.
Poe ela na carteira, vai até a padaria e a balconista te avisa que aquela nota não vale mais nada e você tem que voltar sem o pão, para casa.

domingo, 10 de abril de 2016

O menino que roubava e-livros




Já comecei clonando o título de um excelente livro, lido a poucos anos.
"A menina que roubava livros" de Markus Zusak.
Nunca tive muito dinheiro, é verdade que também, nunca precisei de muito dinheiro.
Uma ou outra dificuldade, momentânea, mas, nada que não pudesse ser solucionado com o tempo.
Mesmo assim, sempre que sobrava um troquinho, corria comprar livros.
Comecei cedo, ainda criança, comprando e ganhando gibis.
Minha pilha de gibis era enorme e sabia em qual edição estava cada história lida.
Com o tempo, comecei a ler "gibis" sem desenho, onde eu mesmo podia criar as imagens na cabeça.
Frequentava avidamente a biblioteca publica de Araraquara.
Lembro de fatos curiosos, como de ter esgotado todos os títulos disponíveis lá, do escritor Sir Arthur Conan Doyle ou ainda, de meu pai ter que ir junto assinar um termo de responsabilidade para a bibliotecária me entregar um exemplar de "Primo Basílio" de Eça de Queiroz.
Cheguei a montar uma interessante biblioteca, com livros dos mais variados.
Uns comprados, outros ganhos outros, apropriados, tal qual fazia a menina que roubava livros.
Olhava em algum canto da casa um livro abandonado. Capas velhas, poeira por cima. Lá ia eu folhear e ler enquanto mais pais estavam na casa da pessoa dona do livro.
Na saída, vinha com o livro para casa.
Creio que devolvi todos que peguei para ler em pedir. Fiquei só com os que me foram dados.
A fase de criança é a melhor para começar a montar uma biblioteca. O que viria em prioridade? Doces? Sorvetes? Figurinhas?
Brinquedos eram baratos... Bolinhas de gude, piões de madeira, bolas de meias velhas.
Fácil sobrar dinheiro para livros.
Quando cresci, ops, me tornei adulto, a coisa mudou.
Tendo que escolher entre compromissos de um homem de família e a compra de livros, dificilmente sobrava para a segunda opção.
Então descobri os livros digitais ou como dizem os mais chics, "e-books".
Primeiro copias datilografadas por alga alma boa que se dispunha a ficar horas e horas traduzindo ou apenas copiando os textos dos livros, que eram então colocadas compartilhadas na internet, em formato ".doc" e lidos no computador de mesa com seus monitores de tubo.
O tempo foi passando e novos formatos surgiram, pude carregar arquivos para leitura em palmtops, depois em celulares que ainda não eram os smartphones.
Não gosto de ir contra as leis, contra as regras, mas, confesso que no caso dos livros tive que ceder.
Sei que alguns arquivos que encontrei por ai não eram cópias autorizadas dos livros originais.
Outros por outro lado, já foram autorizados e agora não o são mais.
Caso mais curioso nesse sentido são os livros do Paulo Coelho. Um dia para fazer graça ele disponibilizou todos os títulos, gratuitamente, no seu site.
Óbvio que baixei todos. Os lidos anteriormente em papel e os que ainda não tinha lido.
Hoje pelo que sei ele é um "caçador" de piratas de livros. Tem saído processando qualquer um que disponibiliza suas obras na internet, sem sua autorização.
Tento encontrar os e-books em promoções, sejam de preços acessíveis ou promoções de livros grátis. É comum encontrar nas livrarias algum tipo de promoção de livros grátis.
Fora os livros de domínio público que estão disponíveis em bibliotecas virtuais. Algumas públicas e outras particulares.
Nem tudo é pirataria!
Como era raro o acesso aos livros e poucos em português estavam disponíveis, eu baixava primeiro (com cuidado contra vírus) e depois analisava se o arquivo era legível.
O boom das distribuições de livros ocorreu quando começaram a convertê-los para o formato ".pdf".
Por mais horrível que seja ler um arquivo ".pdf" em um celular (antigo) de tela de 3", acredite! Eu fiz muito disso.
Hoje já reduzi bastante meu acervo.
Exclui os que sei que não vou ler. As séries de livros para adolescentes, com suas histórias de lobos, vampiros etc..
Já os livros que mantenho, aos poucos vou substituindo as conversões antigas (que perdiam a diagramação e por vezes, traziam misturados ao texto os números, de páginas, títulos, comentários e etc, por versões novas e limpas.
O formato do momento é o "epub".
Existem outros formatos de arquivo, mas este é o mais popular e acessível.
Assim vou seguindo a vida, como um e-criminoso, surrupiando um e-book aqui, um e-book, ali, alimentando essa eterna necessidade de conhecimento.

domingo, 14 de fevereiro de 2016

Concretando-se


Quando mudei para esta kitnet, ouvia apenas sons da natureza.
Cachorros latindo de vez em quando.
Sons das rãs. Grilos e galos malucos.
Eventualmente ouvia a voz de um vizinho.
Com o tempo, os sons foram mudando.
Primeiro o som de música alta nos dias de final de semana.
Passado um tempo, acrescentei a orquestra, uma geladeira antiga. Com seus zumbidos de motor, periodicamente funcionando com os tilintares dos metais soltos dentro dela.
Quando já estava acostumando, instalei um relógio de parede. Com seu tchunc tchunc, tchunc a marcar o tempo.
Assim, aos poucos, os deliciosos sons vão sendo misturados aos novos. Aos sons da cidade. Sons da tão falada "civilização".
O mais recente instrumento musical adicionado a orquestra, tem apenas dois dias.
É o ar condicionado portátil do vizinho de parede.
Acrescentando um som de bafo quente, expelido pela janela. Vuuuuuuuuuuuuu, somado ao ziiiiiimmmmm do motor, ainda novo e silencioso.
Que bom que ainda consigo ouvir o som principal dos grilos.
A pergunta que tenho medo de descobrir a resposta é: Por quanto tempo ainda vou continuar ouvindo a natureza?

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Onde as classes sociais se encontram



Existe algo misterioso neste lugar onde estou morando.

Ainda não sei explicar mas, aqui, em pouco mais do que 200 metros, temos uma espetacular fusão de classes sociais.

Temos um conjuntos de 8 kitnets que, por si só, já apresenta uma variedade de moradores. Gente com piercings, tatuagens e músicas de meditação, Gente com coleção de discos antigos, do bom Rock ao MPB, Gente aposentada, chateada por não ser mais chamada para ser útil a sociedade, Desocupados, profissionais liberais, casais trabalhadores, até um metido a intelectual e escritor.

Ao lados das Kitnets, temos, de um lado, uma casa onde diz a lenda que o casal acumula lixo. Recolhendo o que encontram de interessante na rua e trazendo para a casa. Do outro, uma casa com muitos carros que nem sei como conseguem por todos eles dentro de uma garagem minúscula.

Logo abaixo abaixo, no começo da ladeira, temos uma casa com uma Mercedes e um Toyota, novos. Nesta casa, já vi sair pela manhã, vestida de roupão, uma bela mulher de aparência alemã, para orientar os trabalhos do seu jardineiro.

Na ladeira, temos de um lado um casarão de dois andares, cuja obra não foi concluída e está com o concreto e tijolos expostos. Dentro da garagem, um carro velho. Um kadet preto. Neste prédio diariamente, por volta do meio dia, o morador sai, vai até o registro de água do lado de fora da casa e mexe no registro. Comportamento curioso... Será que abre e fecha o registro em horários determinados? Por qual motivo?

Do outro lado da rua, temos barracos de madeira, sendo que, em um deles vemos instalada uma igreja evangélica. Na porta um letreiro diz. Culto toda quinta-feira. Noto que um dos moradores dos barracos gosta muito de flores. Tem várias espalhadas pelas paredes dos barracos, ornamentando a igreja e penduradas nas árvores.
Ate um lindo cacho se orquídeas bailarinas já vi florescer ali.

Voltando para o primeiro lado da rua, ainda descendo, temos um antigo pé de algodão. Uma árvore excepcional. Cultivada com sementes trazidas do nordeste, no dia que um casal, hoje de idosos, vieram para Sorocaba.

Temos um "córgo", hoje canalizado, passando por baixo da rua, lá na sua parte mais baixa.
Bem ao lado de um disfarçado bar. Onde algumas mulheres, procuram fazer um dinheiro extra, tornando o dia de humildes trabalhadores, mais feliz. Enquanto outros encontram na cachaça ou na cerveja a companhia que procuravam.

Cruzando a travessa, na esquina, um homem está construindo a casa da família, aos poucos, dentro de um valo (uma sorocaba), ao lado do leito de outro córrego. Ali já vi uma menina subir no barranco ao lado da casa, ficando na altura do telhado. Estava ela lendo uma canção, melhor dizendo, cantando a canção alegremente, como se estivesse ensaiando para uma apresentação.

Daqui de onde estou avisto coisas mais interessantes ainda.
Pelo quintal, três casas acima, vejo um conjunto de bandeira hasteadas.
Bandeiras de países conhecidos. Como Austrália e Itália e países que nem consigo identificar parecem ser 7 ou 8 ao total. Reforçam o meu pensamento de que aqui, neste local, não só as classes sociais da cidade, estão reunidas, mas, também, todos os povos do mundo.

As casas do meu lado da rua, ficam de costas para uma área de preservação, onde temos a continuação daquele córrego, que passa ao lado do barraco onde a menina cantava, ele está parcialmente canalizado. A mata ao redor deste córrego, que neste ponto, está sob a linha de transmissão de energia de alta tensão, mantém o clima mais agradável do que em outras regiões da cidade.

É também sob essas linhas de alta tensão que encontramos algumas casas parcialmente demolidas. Noto que alguém, voltou a morar em uma delas mas, fechou só os cômodos internos, deixando as paredes externas sem janelas e semi destruídas. Obviamente para disfarçar que alguém mora ali.
De noite, depois que o sol se põe é possível notar luzes e vozes de crianças que brincam alegremente, nas paredes semi destruídas daquela casa.

200 metros de rua, uma ladeira. No alto, frequentada por pessoas de vários países, no meio, eu me encontro, na parte baixa as pessoas menos favorecidas. Curioso como a geografia, aqui, fortalece o conceito de classes sociais sobrepostas.

O nome desta rua é Alameda Itália e, estou no Jardim Europa. Mais correto seria chamá-la de Alameda Mundo, do Jardim Planeta Terra.

Luminosos na janela



Embora eu esteja morando em uma conjunto de kitnets, aqui mesmo em Sorocaba, quando vou dormir sinto como se estivesse em um daqueles filmes americanos.
Sabe aqueles filmes onde as pessoas vivem em prédios antigos, que a janela do minúsculo apartamento fica bem defronte um letreiro luminoso que pisca de tempo em tempo.

Isso acontece porque, em cada um dos pavimentos (térreo e 1o. andar), temos 4 kitnets, lado a lado, unidas por um corredor. Neste corredor foram instaladas lâmpadas com sensores de luz e presença. Assim, quando é noite, sempre que alguém passa pelo corredor as luzes se acendem.

Como moro na penúltima kitinet e na última mora uma quadrilha de pequenos comerciantes de drogas, eles ficam passando a noite toda pelo corredor. A cada nova encomenda.

Assim as luzes se acendem, se apagam, se acendem e se apagam, a madrugada toda.
Entrando a claridade por entre os vidros das janelas da lavanderia, da cozinha, da porta de vidro e pelas frestas da janela do quarto.

Quem disse que pobre não pode curtir uma viagem Internacional?

Em breve vou identificar em qual filme estou e conto para você. Ok?

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Uma banheira





Foi o que ouvi da boca de uma menina, que admirada com a banheira de pedra, correu chamar a vó para ver a coisa achada.
Neste momento eu me aproximava da "banheira", para fotografa-la, mais uma vez. Agora pelo menos ela esta restaurada.
Mesmo assim, a canoa furou, levando para o fundo do rio do esquecimento, toda a historia que esta canoa de pedra representa.
Não tem problema a senhora não saber do que se trata.
Problema, está em ela nem se interessar em ler na placa, o que a "banheira" representa.
Não querer aprender e, muito menos, passar o conhecimento para neta.

Quem dedica um tempo, para contar as histórias do seu povo, para as novas gerações, é verdadeiramente  sábio.





Em tempo:
Este monumento é uma homenagem aos bandeirantes, desbravadores do território nacional, sendo para os sorocabanos o bandeirante Baltazar Fernandez o seu maior representante.
Localiza-se, na Praça da Canoa ou Praça dos Bandeirantes, perto da Rodoviária de Sorocaba e no final da Rua Voluntários de Sorocaba que fica atrás da Oficina Cultural Grande Otelo.

Página em branco

Gota dágua


Cantinho ideal