Enquanto a chuva se aproxima pela minha esquerda, cobrindo a cidade, um avião foge, pelo lado oposto, acelarado, para sudoeste, motor roncando forte. Alguém, lá dentro, está com os dedos cruzados!
Estou protegido do vento pelas paredes do apartamento. Nem sinto o aroma da chuva.
O motorista, instintivamente, começa a acelerar seu veículo, fazendo uma manobra arriscada, deixa de sinalizar uma conversão.
Na calçada da esquina, a mãe com seus filhos ao redor, aperta o passo, para levar os filhos para um abrigo.
No bar próximo, o assíduo cliente, deixa seu troco no balcão, enquanto dá a ultima talagada, na pressa de chegar em casa antes da chuva.
O motociclista entregador de pizza está irritado e grita: - Liga a seta!!!
Janelas vão sendo fechadas... roupas colhidas apressadamente.
O som das folhas das árvores começam a se misturar com os sons dos sinos de vento, alguns de madeira, bambu, outros, de metal.
Um menino aparece, na pista de bicicleta, correndo, saltando. Sabe que vai levar uma bronca da mãe por não voltar mais cedo para a casa.
As primeiras gotas fininhas de água, trazidas pelo vento, começam a cair, enquanto dois postos se apagam pelo balançar das hastes das lâmpadas.
Um avião retorna. Decidiu pousar, vai se aproximando, passa sobre o apartamento e segue para a pista. Vai baixando, baixando... a cauda do avião, tocando por baixo as nuvens mais próximas.
Vendo tudo isso, percebo que reagimos igualzinho os outros seres deste planetinha.
Ficamos todos agitados, correndo para a segurança do lar. No fundo, no fundo, bem lá no fundo...
Somos todos, formiguinhas!
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