domingo, 3 de maio de 2015

Uma velha amiga dos tempos de escola



Hoje encontrei uma irmã, de uma velha amiga.

Amiga dos tempos de criança, dos tempos de escola, lá na "Escola Estadual de Primeiro Grau, Dorival Alves".

Eu ficava ali, ao seu pé, escondido do sol, nos dias quentes, durante o recreio ou nas janelas das aulas.

Sombra fresca e agradável, que eu aproveitava para ler mais um livro. As vezes um "Para Gostar de Ler", as vezes um "Sherlock Holmes".

Quando não estava lendo, colhia seus frutos dourados, semitransparentes. Cada fruto com sua semente negra, redonda.

Utilizava destas sementes, de improviso, como bolinhas de gude, com os amigos.

Lavava as mãos nas torneiras da escola, com o sumo das cascas das sementes.

Sabonete mágico, que fazia espuma e deixava os colegas curiosos.

Descobri outras brincadeiras, com as sementes:

De guardar as sementes, dentro de um frasco de Shampoo Johnson, com água. Para que depois de uns dias, as sementes triplicassem de tamanho o que fazia com que  estourassem o frasco, pela pressão que provocavam por dentro. Transformando-as, assim, em excelente matéria prima para uma inofensiva bomba relógio.

De usar como munição para estilinge, mas, nada superava a eficácia das sementes de mamona, para este fim. Então, as sementes, eram usadas somente em momentos de extrema necessidade de munição extra.

Hoje, depois de tantos anos, volto a encontrar uma destas árvores saboneteiras, carregada de frutos.

Hoje, seus frutos não estão dourados, estão castanhos, suas sementes, porém, continuam como sempre foram.

Naturais pérolas negras.










Para saber mais sobre a Saboneteira, acesse: Fruta de Sabão, na Wikipédia

quarta-feira, 25 de março de 2015

Eu ontem, eu hoje, eu amanhã





Estou sentado na rodoviaria, esperando o horário de partir para Araraquara.

Passa por mim um senhor. Cabelos todo grisalhos, sem cortar a uns 2 meses,, sapato maior que o pé, gasto. Camisa e calça de tamanhos maiores, blusa de tricô com bicos caidos, desbotado. Uma sacola na mão, com jeitão de ser velha companheira de viagens.
Tem um andar cansado, arrastando o pé, corpo arqueado, óculos ambar, que limpa com o bafo e o tecido da sacola.
Não está sujo, apenas, parece ser prático. Usa um chaveiro de metal pendurado no passador da calça.
Depois de olhar para ele, percebo que este senhor é o meu futuro de ontem.
Ele é o que eu seria no futuro se, continuasse vivendo como antes.

Logo que ele sai da minha visão, pelo lado esquerdo, surge um segundo senhor, que acabou de descer de um ônibus.
Mesmo assim, ele não deixa transparecer que está cansado da viagem.
Vem caminhando ereto, cabelos tingidos de castanhos,veste um blazer marrom, sapatos no tamanho certo e lustrados.
Ele tem um brilho no olhar!
As sacolas em suas mãos, são prateadas, recém recebidas em alguma loja. Olha para o horizonte, enquanto caminha e não para baixo, para a ponta dos pés.
Quando este senhor passa para a direita, percebo que este senhor é o meu futuro de amanhã.

Como meu destino  mudou tão rapidamente?
Foi o resultado de como passei a pensar o meu hoje!