segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Degustação




Sei de muita gente que só se alimenta graças às degustações nos supermercados
Acordam cedo e já vão para lá tomar café da manhã.
Depois aparecem no almoço, para filar linguiçinhas, pizzas e salgados.
Durante a tarde retornam para filar mais café, ou iogurte, com pãezinhos de queijo.
Antes de terminar o dia, passam para pegar um jantarzinho grátis!
Dá para fazer isso, todo dia. Só precisa alternar o supermercado para não perceberem que é um "pidoncho".

Eu não dou muita sorte com essas degustações... ou as empresas não dão muita sorte comigo.
Estes dias mesmo, estava em um supermercado e aceitei uma degustação de um novo Chá Verde com frutas.
A demonstradora, virou o restinho da latinha em uma copinho pequeno de plástico, desses de tomar café, para que eu experimentação o sabor.
Enquanto ela ia despejando o liquido no copinho e falando das qualidades e sabores do produto, alguma coisa pastosa caiu dentro do copo.
Ela notou (não tem como não notar)... é como se a nata do leite passasse pelo bico da panela no momento de servir... dá aquele tremelique e quem serve percebe que passou algo mais grosso além do liquido. Mesmo assim ela disfarçou e depois de uma pequena fração de segundo, decidindo o que fazer, ela continuou apresentando o produto, como se nada tivesse acontecido.
Como haviam outras pessoas em volta eu comecei a tomar o chá verde.
Quando percebi o ser alienigina dentro do copinho, cerrei os dentes e continuei tomando, pelo menos até terminar aquele gole que tinha iniciado, para não devolver tudo no copinho.
Em seguido, procurei, discretamente um lixinho, para não por o copinho em cima da mesa.
Por sorte o lixinho tinha até tampa. O que me garantiria estar seguro e isolado daquele ser estranho.
Sai com um sorriso nos lábios, tentando ser cortez e sumi dali.
Com toda certeza esta marca de chá verde e eu nunca mais voltaremos a nos encontrar, nesta vida.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Nos trilhos de trem



O ano já nem me lembro, mas era na década de 80 e eu estava por volta dos meus 15 aos 18 anos.
Morávamos em Araraquara, na Vila Xavier, próximo da fábrica da Anderson Clayton, onde roubávamos carambolas e abacates.
Ali pertinho, ficava o pátio das oficinas das locomotivas da FEPASA e seus trilhos, e do lado, os silos do CEAGESP.
Os dias eram divididos entre ir a escola pela manhã, estudar a tarde e depois ir brincar com os amigos.
Rolava de tudo, cabanas no terreno que ficava de fundos com o quintal de nossas casas, colher frutar nos terrenos dos vizinhos, andar de bicicleta, saltar morros.
Quando queríamos uma aventura extra, planejávamos com antecedência.
Eram dias, juntando dinheiro para a tripa de mico, procurando a forquilha perfeita.
Depois tinha que corta, tratar a madeira, secar, preparar o estilingue e envernizar.
Fazer o embornal era outra façanha... que as vezes sem ajuda de nossos pais, era impossível de realizar.
Coleta de pedregulhos redondos, mamonas, bolas de gude... cada munição para um uso específico.
Brincávamos muito nos trilhos da FEPASA, que ficava a uns 500m de casa.
De caçadas fictícias à confecção de pulseiras "sabona" tudo era pura diversão.
Só não tínhamos onde nadar ali, porque o Rio do Ouro, nessa época já era marrom por outros motivos... e fedia muito.
Então, nossas brincadeiras com água, ficam reservadas para as piscinas da Ferroviária, as de plásticos de nossas casas, das chuvas e mangueiras em dia de calor.
Os anos foram passando e nossos momentos de diversão foram sendo substituídos por compromissos, por mais estudos e alguns de nós, como eu, passamos a ajudar nossos pais nos serviços deles.
Ainda lembro dos amigos, dos seus nomes e rostos... e de seus sorrisos
Hoje os tempos são outros e em breve nem os trilhos estarão lá

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Carona debaixo de chuva



Sexta Feira, 22/01/2010

Já estou trabalhando a cerca de 45 dias no CEAGESP.
É um "bico" já que não tenho vínculo empregatício e recebo por dia trabalhado.
Chego cedo para fazer as vendas dos produtos de um box.
Vendemos batatas e cebolas.
Nesta madrugada saio com chuva de casa e sigo mancando, com uma mochila nas costas onde guardo blusa, e material de trabalho e seguro um guarda chuva na mão de casa até o CEAGESP, 4,5km de caminhada, percebo que se alguém me ver andando, de blusa e mochila pretas, vai imaginar que é o quasímodo andando.
Depois das complicações da caminhada desta manhã, decido que preciso de um transporte, mais rápido e seguro.
Nem tanto por medo de ser assaltado. Não creio que alguém que não esteja drogado, possa pensar que uma pessoa que anda pela madrugada em um bairro afastado do centro, tenha algum dinheiro.
Quanto aos drogados, o melhor é estar atento à aproximação deles, pois, sempre são muito barulhentos e previsíveis.
O temor maior é com os cães. São inúmeros os cães de raças bem violentas que ficam soltos dentro dos pátios das empresas e quintais das residências, pelo caminho. Basta passar pela calçada para ver os dentes, a baba e sentir que eles são insanos e estão doidos para morder alguém.
Um cão desses não para o ataque enquanto não ver a vítima morta... ou ele morrer.
Assim, nos quarteirões onde sei que tem um desses cães de donos "doentes mentais" eu ando pelo canteiro centrar ou mesmo no meio da rua, para ter mais tempo para defesa, no caso de um ataque.
E a chuva continua, não é chuva forte que justifique chegar molhado ao trabalho.
É chuva de molhar bobo. Que pela distância e tempo de exposição a ela, molha completamente o corpo.
Mesmo as partes do corpo que deveriam ser preservadas pelo guarda-chuva, por ele ser velho, com algumas hastes quebradas e já quase em a impermeabilização não me protegem por muito tempo.
Goteiras escorrem pelo cabo, molham a manga, entram pela gola da camisa gelam o corpo.
Pelo menos os objetos pessoais e cadernos estão embalados em sacos plásticos.
Nenhuma carona aparece, mas, quem daria carona a alguém molhado andando a esta hora da madrugada por ruas escuras?
Penso um pouco, assoprando a poeira sobre minhas memórias e com a ajuda dela respondo a minha pergunta. Héhéhé!
Há muitos anos atrás, quando eu tinha 18 anos, em uma madrugada de chuva em Araraquara, quando voltava a pé da casa da minha namorada, que obviamente ficava muito muito muito distante da casa dos meus pais. (parece coisa do reino de Shrek) parou do meu lado um rapaz em um fusca branco, pedindo se eu tinha fogo (isqueiro pensei eu) e me oferecendo carona.
Como realmente tinha em meu bolso um maço de "John Player Special" King Size e um isqueiro, aceitei a carona.
Quanta gentileza e quanta coragem, pensava eu, enquanto tentava, em vão, fazer o isqueiro funcionar.
Acabei desistindo de acender o cigarro dele, quando ele começou a bater um papo estranho, falando de quanto o povo de São Carlos era mais liberal que o de Araraquara.
E me convidando para uma momento mais intimo em algum lugar!
Fiquei assustado com a proposta e desconversei alegando que tinha que trabalhar logo cedo, ao que ele rebateu mudando a proposta para uma rapidinha em alguma rua escura pelo caminho.
Minha resposta veio em uma única fração de segundo e acompanhada pela minha ação.
Pedi que parasse imediatamente pois por pura coincidência já estávamos passando pela porta de casa.
Agradeci o convite, já abrindo a porta do fusca e saltando, em dois passos, já estava do outro lado do portão (que por sorte estava aberto) e acenei com um tchauzinho camarada.
Fingi entrar e fiquei olhando de canto do olho pelo portão esperando ele sumir na rua.
Então, no segundo seguinte, passei novamente pelo portão e sai do quintal da casa que eu nem conhecia os donos.
Eram outros tempos, e os riscos diferentes. Eu ainda era jovem e bonito, e o bicho que queria me comer não era um cão raivoso.
Enquanto lembro da situação vivida, e começo a rir, sigo em frente, rumo ao trabalho do dia.

terça-feira, 20 de julho de 2010

A entrevista em Itú



20/07/2010 8:30h, Itú, SP

Chego antecipado para a entrevista (me apresento e aguardo).
É uma empresa de softwares, mais precisamente de sistemas de gestão.
O que mais me motiva a desejar trabalhar nesta empresa é a cena que vejo agora pela janela da recepção.
Lá fora, alguns funcionário sentam em torno de uma mesa da lanchonete e conversam, papos de trabalho, papos de lazer.
Na sala de recepção a atendente faz as vezes de telefonista.
A sala está enfeitada com balões de festa azuis e prata em comemoração aos 25 anos da empresa, que ocorreu agora no dia 16/07 (se não estou enganado).
Me distraio um pouco lendo o livro "A simples arte de matar" de Raymond Chandler.
Depois, abro minha pasta e inicio estas anotações.
É um dia de expectativas e a grande dúvida é:
Sou bom de papo no sentindo de ser bom para contar histórias, mas, será que sou um bom vendedor?

domingo, 25 de abril de 2010

Donos da Rua



Brasileiro é um bichinho divertido, devem dizer os extraterrestres!
Se ficarem olhando o que fazemos, vão morrer de rir.
E a copa do mundo é o melhor momento para isso.
Com a desculpa de um pseudo patriotismo, saímos mais cedo do trabalho ou sequer vamos trabalhar nos dias dos jogos, vestimos roupas nas cores de nossa bandeira e enchemos nossa cara nos butecos da vida, ou churrascos com os amigos.
Na foto acima, um grupo de vizinhos, agindo como os "Donos da Rua", fecham a calçada para montar a churrasqueira e cadeiras, e fecham a rua para repintar o chão.
Tudo em nome do mais "puro Amor à Seleção"!
É um "patriotismo" tão forte, tão verdadeiro que no domingo seguinte ao final da copa, já mudou de cor!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Comendo as Migalhas da Alta Sociedade


Sorocaba, 19/04/2010 12:34h
Campolim

Como a empresa onde estava trabalhando fechou a mais de 20 dias, uso meus últimos trocados para compra um lanche no Burger King.
É um dinheiro guardado no fundo da carteira, atrás dos santinhos e dos cartões de visita e que eu só deveria gastar quando fosse uma emergência.
E é!
Meu coração está agoniado e por instantes me vejo sem perspectivas de futuro.
Não tenho dinheiro, sequer, para comprar um segundo lanche, quanto mais para começar um novo negócio.
Peço meu lanche e vou para a varanda da lanchonete, que fica  de frente para a principal rua do bairro.
A lanchonete está lotada de jovens estudantes da escola particular que fica ali perto.
Com exceção de duas meninas que desistiram de ficar na fila, porque o dinheiro delas não era suficiente para comer um lanche, os demais jovens, talvez, nunca, tiveram problemas com falta de dinheiro.
Na rádio tocam músicas da década de 80, e me lembro que naquela época eu, também, não sabia o que era falta de dinheiro. Na verdade eu até tive dificuldades pela falta de dinheiro, mas, eu me divertia muito com elas.
Automóveis absurdamente caros param na porta da lanchonete para pegar os filhos depois da aula e do almoço deles.
O Asfalto está quente e liso e os pneus cantam a cada vez que o sinal abre para aqueles que estão subindo a rua.
Um jaguar passa alheio à minha angústia.
Elevo meu olhar e me perco entre as janelas das casas do condomínio.
Seus telhados limpos, suas paredes claras em tons de verde, azuis, rosas, amarelos e brancos e suas incontáveis janelas.
Um pardal e dois pontos pousam perto de mim e, passam a se alimentar das migalhas da alta sociedade.
Neste exato momento toca a música do IRA, "Envelheço na cidade..."
Enquanto na mesa ao lado, sentam uma funcionária da lanchonete e um jovem, para ele assinar o seu contrato de trabalho. Talvez o seu primeiro emprego.
Sem dúvida é um sinal para que eu me lembre que a vida sempre segue seu rumo e tudo se repete em ciclos, pois, um dia, também fui jovem e assinei o meu primeiro contrato de trabalho.
Quando começo a pensar que sou como um pombo e por isso vivo das migalhas da sociedade, pego m eu lanche e dou a primeira mordida.
A cada mastigada, vou me perdendo no sabor e esquecendo que sou um pombo, enquanto toca na rádio "Fácil, extremamente fácil..."

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Uma loira em minha porta



08/04/2010 11:45h

Estou no quarto, do apartamento, trabalhando em meu notebook, escrevendo em meu blog, quando ouço passos na escada.
Em seguida, o barulho de uma mulher abrindo a bolsa e procurando as chaves.
Paro tudo o que estou fazendo e fico atento, a chave entra na fechadura e a mulher tenta virar a chave, que resiste.
Como toda mulher, ela não desiste fácil e continua tentando, uma, duas, três vezes, para um lado e para o outro.
Tira a chave e enfia de novo, e continua tentando.
Me levanto, de cueca preta e camiseta azul claro e, caminho preocupado em direção a porta, pensando ser minha esposa que chegou mais cedo do trabalho e por algum grave motivo está confusa e não consegue abrir a porta.
A medida que vou chegando perto da porta, tento ver se a minha chave, pelo lado de dentro pode estar emperrando a fechadura.
Não! Não é isso!
Quando já estou prestes a girar a chave e abrir a porta e perguntar “Meu amor, o que houve?”, tenho o “insight” de olhar pelo olho mágico e vejo uma loira olhando para a bolsa, procurando alguma coisa dentro dela, enquanto continua com o braço estendido tentando girar a chave na fechadura.
Não consigo ver seu rosto, mas já sei que não é minha esposa.
Ela só para de tentar girar a chave na fechadura, quando eu pergunto:
- Tem certeza que quer entrar aqui?
Ela ainda insiste: - Sim! (Até um santo, neste momento começa a ter fantasias. E saiba, que estou bem longe de ser um santo!)
Respirando fundo e caindo na realidade, repito:
- Quer entrar no apartamento 41?
Mais uma vez a resposta é: - Sim!
E me vejo forçado a tentar fazer com que ela, também volte à realidade do mundo.
- Quer entrar no apartamento 41 de Márcio Eiras?
Nesse exato momento ela encontra o que procura na bolsa, para de tentar abrir a fechadura, pega um papel dentro da bolsa e desdobra até transformá-lo de volta em uma folha de papel A4.
Lê as anotações nele e envergonhada, começa a se lamentar:
- Desculpa! Me desculpe! Não! Não! É no apartamento vinte e...
Sai apressada escada abaixo, enquanto tento acalmá-la dizendo:
- Tudo bem! Tudo bem! Essas coisas acontecem!

Agora que tudo passou, e meu coração já não está mais disparado com o susto, pergunto:
- Isso, realmente acontece com as pessoas?

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A Xepa no CEAGESP



"Há o suficiente no mundo para todas as necessidades humanas, não há o suficiente para a cobiça humana." (Mahatma Gandhi)


Estou a poucos meses trabalhando como vendedor de alimentos em um box do CEAGESP de Sorocaba e uma coisa me perturba.
O desperdício de alimentos!
Observo o quanto é jogado no lixo, só aqui no CEAGESP e fico imaginando o quanto mais não é desperdiçado desde a produção dos alimentos até o efetivo momento dele ser consumido.
Desperdício na produção, no momento de embalar, no transporte até o entreposto, no armazenamento, no momento da venda para o comerciante.
Depois vem o desperdício no estabelecimento do comerciante, na casa do consumidor e até depois de preparado e servido, quando as pessoas jogam as sobras de seu prato, no lixo.

Aqui na minha frente, vejo comerciantes em seus carrões importados cobrando caro pelos alimentos e ao mesmo tempo, pessoas a pé ou em carro velho, catando com as mãos as sobras no latão de lixo ou jogadas pelo chão.
Alimentos que por uma questão de cultura, não servem para comercialização, só por não estarem na cor ou textura ideal, são arremessados no chão ou nos containeres sem o menor remorso.

Sei que há um banco de alimentos que reaproveita os alimentos doados, mas, isso ainda é pouco.
Não é a maioria que tem consciência de doar os alimentos que estão fora do padrão comercial.

Sinto que preciso fazer algo para mudar um pouco este quadro...
Pode ser apenas uma gota de água no bico de um beija-flôr, contra uma floresta em chamas, mas... preciso fazer a minha parte!



Assim, começo o trabalho de formiguinha para que, ao menos hoje, em algum prato que antes estava vazio, alguém encontre comida.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Viagem à São Paulo



07:30 - Rodovia Castelo Branco

Pela manhã pego o ônibus de Sorocaba para São Paulo.
Logo no início noto que um motorista está ensinando o outro a dirigir o ônibus.
Fico feliz por ver que a empresa está dando uma oportunidade para um senhor.
Quem ensina tem o sotaque de brasileiro nascido no Nordeste.
O ônibus é um Dinossauro da Cometa, está com os bancos modernizados e sem o couro original, mas ainda assim é daqueles com aspecto de ônibus americano antigo.

Confusão na quantidade de pessoas.
O que está ensinando não confere a quantidade de passageiros

Ele, também pede para uma passageira sair do banco direito da frente e ir se sentar em outro lugar, dizendo: A senhora pode se sentar em qualquer lugar (exceto no banco da passagem comprada, pelo visto)

Só depois ele explica que vai ficar sentado ali para poder orientar melhor o novo motorista.

O ônibus para de ponto em ponto e o percurso que era para ser de uma hora, demora quase duas horas.

Buzinaço atrás do onibus, por conta da manobra efetuada pelo motorista.

Enquanto o motorista que está ensinando  fica falando em voz alta:
- Pode sai! Pode Sai!
- Sai fora!
- Fica Atrás!
- Acelera pra Sai!

Fico eu me perguntando...  Se nessa hora não vale o Aviso pregado no ônibus "Não converse com o motorista"
Até para a recontagem de passageiros e para o troco de quem compra a passagem na rodovia o motorista aprendiz é interrompido enquanto dirige.
E assim seguimos, atrapalhados e sempre parando...

segunda-feira, 22 de março de 2010

Papo de negociador



Sentado na sala de espera de um escritório de cobrança amigável e judicial "foleio" revistas do setor e relembro os tempos que eu trabalhava em escritórios de cobrança.

As aventuras, as tensões das negociações...

Enquanto relembro, observo os clientes que comparecem no escritório para finalizar os acordos e, ao chegarem, descobrem que a história não é exatamente a mesma que foi combinada pelo telefone.

De três casos que presencio em 20 minutos, os três tem divergências entre o combinado por telefone e pessoalmente.

A tática de conversa com o cliente é a mesma:
1. Todos que atendem pelo telefone, não podem atender pessoalmente ou não estão na empresa.
2. Os valores do refinanciamento não batem.
3. Os contratos criam responsabilidades enormes para o devedor.

 Criando uma saia justa para os atendentes.

 Frases como, o operador não soube explicar direito ou, o senhor pode ter se confundido, são utilizadas corriqueiramente.

Finalmente, como regra, os contratos não podem sair do escritório, nem mesmo para serem analisados pelos advogados dos clientes.

Noto que as regras e orientações que eram passadas para os funcionários, no meu tempo de cobrança, continuam valendo nos dias de hoje. As orientações continuam no sentido de tentar enrolar o cliente para ele ir no escritório e lá ele ser espremido ao máximo para assinar o contrato. Técnicas como o uso dos termos "facilidades e condições especiais para o refinanciamento" e uso de nomes falsos são aplicadas nos clientes devedores.

Não era assim que eu determinava, para que meus funcionários atuassem, mas, era assim que o mercado todo agia.
Tentamos inovar em nosso escritório.
Não creio que fracassamos, pois, até nossos melhores negociadores eram disputados no mercado de trabalho, entre outros escritórios maiores, ou instituições financeiras.
O volume de acordos eram bom. Só não era melhor, pois, um dos meus sócios, metia muito os "pés pelas mãos" e alguns clientes para ver ele "quebrar a cara", mandava o osso do osso, como carteira para negociarmos.

Dá para contar, boas e divertidas histórias daquele tempo.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Alguém me observa


06/02/2010 - Rodovia entre Sorocaba e Campinas

Estava eu seguindo para Araraquara, de ônibus e, em meu primeiro trecho entre Sorocaba e Araraquara eu estava em minha poltrona com a sensação de estar sendo observado por alguém.
Olho para os lados e não encontro ninguém que estivesse atento aos meus movimentos.
Meus pensamentos passeiam por toda uma história de 5 anos...
A história de uma moto Twister prata, fabricada em 2005.
Vou lembrando do momento da compra, no dia 07/04/2005, das primeiras voltas, dos primeiros tombos.
Das grandes viagens cheias de esperanças de um futuro melhor.
Na sequência, começo a lembrar de quando não vi outra saída a não ser, vender a moto para o meu irmão Rogério. Era 06/02/2008.

Lembro do tempo que segui "a pé" para todo lugar que precisava ir.
Entrevistas de emprego, visitas à clientes e muitas limitações me acompanhavam nestes dias.
Não que fosse impossível viver a pé, visto que, em muita ocasião da minha vida foi assim que vivi, mas, tudo tinha o prazo alongado.
Uma visita, um compromisso não podia ser agendado com menos de uma hora, para dar tempo de eu me deslocar até o local.
Tinha que tomar cuidado para não suar demais e chegar com uma péssima aparência.
Hoje é um dia em que estou feliz!
Sigo de ônibus por esses mais de 300Km, com a expectativa de poder recomprar a Twister prata.
Os cálculos já foram realizados: Estou num emprego que me permite ter uma renda razoável pelos dias que trabalho e ainda, ganho comissão sobre as vendas.
Uma pequena projeção (contando com a menor renda imaginável) me deixa com condições de pagar um bom valor mensal ao meu irmão.
Tenho pressa de quitar essa moto.
Quero retribuir a ele a ajuda que me deu quando precisei vendê-la. Aliás, a recompra já era algo planejado.
Só que planejava recomprá-la poucos meses após a venda e não após dois anos.
Olho para cima para agradecer a Deus, pela possibilidade e encontro estre estranho ser elétrico a me olhar.
Para mim ali não são lâmpadas e botões e sim, olhos, nariz e boca!
Talvez, nos tempos modernos, estes sejam os olhos dos anjos que nos acompanham...


sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Carregando a cesta básica



Sexta Feira 22/01/2010: 10:30

A vida não é fácil para muita gente, não só para mim!

Estou caminhando de volta para casa, depois de uma madrugada de trabalho no CEAGESP e avisto no canteiro central de uma alameda, dois homens, segurando pelas pontas de uma toalha, para poderem carregar uma cesta básica.
Noto pelo cansaço dos dois que já estão caminhando a um bom tempo.
Volto a prestar atenção no meu caminho e alguns passos adiante escuto um barulho de alguma coisa caindo.
Me viro em direção ao som e vejo que a toalha rasgou, deixando a cesta básica ir ao chão.
Os homens olham um para o outro sem saber o que fazer no momento.
Rapidamente cada um pega por um lado da caixa, erguem juntos os dois e prosseguem assim, caminhando meio de lado e quase parando.
Devem estar passando por um dilema entre a vergonha de estar andando com a cesta básica nas costas, por não ter sequer como pegar um ônibus e a falta que esta cesta faz na casa deles.