sábado, 27 de outubro de 2012

Viagem




Já fazia um bom tempo que não viajava, então, logo pela manhã comecei a perceber algumas diferenças.

Constatei que minhas camisas sociais encolheram.
Pega uma, pega outra... Todas apertadas.
Acabo trocando toda a vestimenta, uma vez que, mudando a cor da camisa, devia mudar a cor da calça, a cor do sapato e a cor do cinto.

Ao chegar na rodoviária... Modernista rodoparticularviaria de Sorocaba, sou abordado por um casal que pede dinheiro para, inteirar passagem para São Carlos, para ele, a esposa e o filhinho de colo, recém nascido, que teve alta do hospital.
Nem tem linha de onibus para São Carlos, na rodoviária!

Para entrar no onibus, continua igual...
O senhor surdo-mudo é o homem que abre o porta malas, guarda a bagagem e da o comprovante da bagagem.
Depois, ele compensa a gentileza, vendendo docinhos e santinhos dentro do busão, enquanto o onibus da a volta do quarteirão.

Sento e noto que as poltronas, também encolheram.
Entram todos, e o último a entrar é o surdo-mudo que me entrega 4 opções de produtos.

Seguimos viagem...
Ar condicionado ligado, garganta secando, por sorte, lembrei de comprar uma garrafinha de água, antes de entrar no ônibus.

Chegando na rodoviária de Campinas, subo a escada rolante. Vou ao guiche da Empresa Cruz e compro a passagem.
Terei uma hora de espera.

Vou para os bancos.
Quem olha eles tem a primeira impressão de que estão sujos, pois, parte partes brilham e partes não, parecendo que estão melados ou molhados.

Porta automática da loja Vivo, abrindo...
Bobs, levantando os toldos.
Aos poucos o comércio da rodoviária vai dando suas caras.

As pessoas, como já pode se imaginar em uma rodoviária, são dos mais variados tipos.
Moças, com caras de princesinhas assustadas, homens de chapéuzinhos, segurança gordo e gente apressada.

Noto que os relógios foram substituídos por maiores, agora possuem na face a imagem da antiga estação ferroviária.
Não devem, mais, balançar com o vento!

Dou uma volta procurando algo para comer.
Café do ponto com funcionários conversando, distraídos, balcão desorganizado.
Demora no atendimento, acabo desistindo e vou para outro lugar comer algo.

Vejo um peão com alforje e tudo, atravessando a estação, pela sua expressão de grandes expectativas, provavelmente irá para uma cidade onde contecerá um rodeio.
Nerds característicos e suas mochilas de gadgets.
Avisto um jovem correndo para pegar o ônibus, segurando a calça, na verdade um bermudão jeans, para não cair.

Entro no ônibus, sento, aguardando nossa partida para Araraquara, sem saber que na volta as coisas seriam ainda mais divertidas...

Na volta para Sorocaba, novamente na rodoviária de Campinas, um dos passageiros questionará o funcionário da empresa de ônibus, dizendo que comprou passagem para "ônibus executivo" e o ônibus nem tem ar condicionado.
Entrarei neste "executivo" e meu cinto estará preso debaixo do banco...
Tentarei em vão retrairá-lo dali para usar.
E, finalmente, pelo nível das conversas, e pelo tom das vózes, descobrirei estar na "Gaiola das Loucas".

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