quinta-feira, 23 de julho de 2009

Eu, Fantasma



Autor: Esseaqui Nossemov

Demorei muito para descobrir que eu não existo!
Já havia ouvido esta afirmação várias vezes, mas, não compreendia seu significado.
Finalmente as coisas ficaram claras para mim.

Então, vou registrar aqui, a minha história, na esperança que alguém, um dia a encontre...

Em algum dia de algum ano, do qual não me recordo, eu morri!
Tenho algumas datas na memória, mas, não sei dizer qual delas é a correta. Pode nem ser uma dessas, a data correta.

Acidente aos 17 anos, 11 meses e 15 dias: Sofri um acidente gravíssimo de mobylette. Uma colisão com um veículo em um cruzamento. Fui levado para o hospital com diversos ferimentos, sei que recebi a unção extrema...

Acidente de moto em 2008: Para evitar bater na traseira de um automóvel, que parou bruscamente na minha frente em um dia de chuva, eu freiei com toda força e fui ao chão. Lembro de ter sido levado, para o pronto socorro, pelo resgate...

Mas, o importante agora não é saber a data em que morri, nem as circunstâncias. Embora minha sensação é de que isso tenha ocorrido a pelo menos 20 anos.
O importante neste momento é relatar que esta descoberta me fez perceber muita coisa que me deixava perplexo.

Antes de passar a relatar alguns exemplo, é preciso que eu informe que, nós fantasmas, somente vemos aquilo que queremos ver, portanto, alguns dos relatos podem não ser reais. Tudo pode ser criação de meu desejo, afinal, morri jovem e fiquei vagando na terra, criando uma vida imaginária com tudo aquilo que eu esperava acontecer.

Confira comigo:

Há vários anos eu me queixo que as pessoas não ouvem meus conselhos de modo direto. E por outro lado, elas seguem meus conselhos, com a certeza que foram elas mesmas que tiveram a ideia ou que a voz da consciência dela é que a orientou!
Eu ficava irritado com isso, sem entender porque as pessoas nunca me agradeciam pelas sugestões. Hoje eu sei que seria impossível agradecerem isso a um fantasma.

Minha 2a. esposa, vive chorando quando estou perto dela e eu ficava revoltado por ela não me escutar, não me dar ouvidos.
Hoje entendo que se eu já fui casado, ela chora por saudades ou então, eu não tive sequer 2a. esposa.

Me via visitando clientes e fazendo maravilhosas apresentações dos produtos, porém, eles nunca assinavam os contratos comigo e, somente depois, assinavam os contratos com outros vendedores.
Hoje entendo que eu sentava na cadeira, quando o "cliente" estava sozinho e ficava falando e falando, sem ele me ver e por isso só compravam com outros vendedores.

Quando eu entrava em uma loja de conveniência conhecidíssima em Sorocaba, o segurança ficava olhando para mim e me seguindo o tempo todo. Não importava como eu "imaginasse que" estava vestido, ele sempre me olhava e me seguia.
Hoje sei que ele tem sensitividade mediúnica e por isso era o único que sentia a minha presença lá na conveniência e não estava me seguindo por pensar que eu éra um meliante.

Outra coisa que me intrigava, quando eu acreditava que estava vivo, era o curioso fato de fazer tudo como mandam os livros de dicas de sucesso e nunca atingir o sucesso.
Por mais que eu trabalhasse, que me desdobrasse na realização de inúmeras tarefas eu nunca conseguia mudar minha vida.
Óbvio, não? Afinal, todas as minhas ações não eram reais!

Posso relatar vários outros momentos semelhantes, tais como:

Eu via uma pilha de louça suja na pia, do que eu imaginava ser minha casa, e embora tivesse desejo de lavar a louça, a pilha continuava enorme.
Hoje eu compreendo que fantasmas não lavam louça. No máximo eles atiram as louças voando contra as paredes!

Mas, se eu não estou vivo, porque continuo escrevendo neste blog? É o que alguém que ler isto, um dia pode perguntar!
Escrevo porque nos tempos atuais, em que os mortos são ouvidos através de gravações de sons, captadas e tratadas em computador, porque não seria possível alguém captar essa blog etéreo?

E por favor, quem encontrar esse blog mediúnico, não me faça perguntas sobre como é o céu, o purgatório ou o inferno. Eu não sei as respostas, pois, não cheguei a nenhum desses lugares.
Estou preso entre os dois mundos, e tudo o que vejo é o que eu gostaria de ter visto em vida!

O que eu preciso?
É saber como sair deste local aonde estou. Preciso saber como chegar ao céu ou ao inferno.

Enquanto isso, vou contando aqui as aventuras desse fantasma

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